Agendamento e Enquadramento

Agendamento (Agenda-setting)

Nos anos 1970, Maxwell McCombs e Donald Shaw lançaram a hipótese de que os meios de comunicação não teriam exatamente o poder de nos dizer o que pensar, mas, sim, em que pensar. Esse seria na verdade o seu "efeito".

Podemos considerar três tipos de agendamento como os mais estudados:

a) os estudos da agenda midiática (media agenda-setting), definidos como os estudos de conteúdo dos media (meios de comunicação),

b) os estudos de agenda pública (public agenda-setting), definidos como os estudos que identificavam a relativa importância dos diversos acontecimentos e assuntos por parte dos membros do público

c) e os estudos sobre a agenda da política governamental (policy agenda-setting), definido como o estudo da agenda das entidades governamentais


Com o passar do tempo, no entanto, essa posição foi revisada. Os mais recentes estudos sobre o agendamento têm concluído que a mídia não tem apenas o poder de nos oferecer o leque de assuntos pelos quais iremos nos interessar e conversar. Além de estabelecer esta agenda interpessoal, os meios de comunicação também teriam o poder de nos dizer como devemos pensar os temas agendados.

A partir de então, os Estudos sobre o Agendamento passaram a ser acompanhados, simultaneamente, pelos Estudos sobre o fenômeno do Enquadramento (framing).



Enquadramento (framing)

O enquadramento é um dispositivo interpretativo, um padrão de organização do discurso, que estabelece alguns princípios de seleção de certas palavras e ângulos de abordagem na construção das notícias. São padrões de apresentação, cognição e interpretação; de seleção, ênfase e exclusão que organizam a narrativa escrita e audiovisual.

Os enquadramentos podem aparecer na forma de:

a) metáforas (guerra contra as drogas, o terror, mensalão )

b) exemplos de casos históricos (golpe)

c) algumas máximas curtas (acham que isso aqui é um país de primeiro mundo)

d) as descrições (fomos atacados primeiro e só reagimos)

e) as imagens


Eles são usados como uma espécie ponte retórica entre o produtor da notícia e o receptor por meio da qual se configura um contexto ou uma direção na qual a matéria deve ser lida ou vista.


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Vamos ver como Colling, desenvolve a questão:


“Produzir um enquadramento é selecionar alguns aspectos da realidade percebida e dar a eles um destaque maior no texto comunicativo, gerando interpretação, avaliação moral e/ou tratamento recomendado para o item descrito.”

“Ao se referir aos frames nas notícias políticas , Entman lembra que os políticos são obrigados a competir com outros políticos e com os jornalistas para criar novos enquadramentos”

“...é preciso ir em busca da definição do problema apresentado, verificando se é político ou econômico, por exemplo. Verificar se há ou não personalização do problema.

...é necessário identificar as causas do problema apresentado na reportagem, quais são seus atores, a quem está sendo creditada a solução deste problema e, afinal, é possível identificar a avaliação moral do problema, se o momento crítico é positivo ou negativo”


Referências

BARROS Filho, Clovis. Agenda-Setting e Educação. Comunicação e Educação, São Paulo, (51): 27 a 33, jan./abr. 1996
COLLING, Leandro. Agenda-setting e framing: reafirmando os efeitos limitados. Revista FAMECOS • Porto Alegre • nº 14 • abril 2001
TRAQUINA, Nelson. “O paradigma do agenda-setting:
Redescoberta do poder do jornalismo”. In: Revista
Co mu ni ca ção e Linguagens. Lisboa: Cosmos, número 21 e
22, 1995